[:pb]Em comemoração ao Dia Mundial da hepatite vários jornais, entre eles o Correio Brasilense e o Estado de Minas publicaram em destaque de quase meia página minha “Opinião” alertando sobre o grave problema da hepatite C no Brasil. Segue o texto:
Hepatite C: uma bomba relógio na saúde dos brasileiros
Carlos Norberto Varaldo*
Descoberta em 1989, a Hepatite C mata, hoje, em alguns países, mais do que a AIDS, segundo pesquisa publicada no periódico médico Annals of Internal Medicine, em 2012. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que sejam afetadas 170 milhões de pessoas no mundo. Segundo a OMS, no Brasil a doença infecta cinco vezes mais brasileiros do que o vírus HIV e a doença pode atingir 3 milhões de pessoas no país, sendo a maioria ainda desconhecida.
Isto porque, no Brasil, ainda temos uma baixa taxa de diagnóstico em função do preconceito reinante em nossa sociedade em relação à doença que ficou popularmente conhecida por ser transmitida principalmente pelo contágio via seringas contaminadas. Uma realidade distante, mas que até hoje estigmatiza milhares de pessoas, especialmente a geração infectada entre as décadas de 70 e 80, época em que o controle de materiais usados nos consultórios odontológicos, estúdios de tatuagem e piercing, ou mesmo em manicures, era muito precário se comparado aos padrões atuais.
Além disso, até o ano de 1992 não existiam testes para verificar a existência do vírus HCV em sangue de doadores. Por esse motivo, qualquer pessoa que recebeu transfusão de hemoderivados antes de 1993 deve ser testada para avaliar se foi contaminada, assim como quem ficou exposto a uma situação de risco no período. É preciso vencer a barreira do preconceito e investir no alerta à sociedade sobre a gravidade desta epidemia.
A hepatite C é uma doença silenciosa que pode demorar até 20 anos para se manifestar. Se não diagnosticada precocemente, ela pode “aparecer” em estágio avançado, evoluindo para uma fibrose, cirrose ou até câncer no fígado. Neste ano em que a doença completa 25 anos desde sua descoberta, a OMS lançou o primeiro guia para manuseio da Hepatite C no mundo. O documento tem como objetivo contribuir ajudar todos os países a melhorar o tratamento e os cuidados com a hepatite e, desta forma, reduzir as mortes por câncer de fígado e cirrose.
Portanto há muito que trabalhar para erradicar esta epidemia, ainda mais se considerarmos o potencial de pacientes não diagnosticados. Embora atualmente os tratamentos disponíveis elevem a Hepatite C ao status de uma das poucas doenças crônicas que podem ser curadas, o Brasil ainda não disponibiliza os tratamentos mais modernos, resultado do excesso de burocracia no registro de novos medicamentos.
Se a publicação das diretrizes da OMS coincide com a disponibilidade de medicamentos orais mais eficazes e seguros, juntamente com a promessa de outros novos medicamentos nos próximos anos, conforme o texto publicado pela própria organização quando do lançamento das diretrizes, no Brasil o excessivo rigor e a demora para aprovação destas terapias estão diretamente relacionados ao custo dos novos medicamentos, considerados caros.
Mas afinal, quanto vale a cura da hepatite C? O custo do tratamento da doença não deve ser medido pelo preço do medicamento, mas sim pelo gasto elevado com o tratamento de um paciente que fica mais tempo nos hospitais e consultórios médicos para tratar comorbidades decorrentes da doença. Em geral, quando se opta por soluções medicamentosas priorizando o preço em detrimento da eficiência, o valor acaba saindo mais alto para a sociedade. Isso porque, no médio prazo, o gasto com pacientes que sofrem com os efeitos colaterais agressivos de muitas dessas drogas que já poderiam ser substituídas ultrapassa o valor do investimento de substâncias mais modernas.
É importante lembrar que o tratamento da hepatite C é finito, podendo atingir a cura em muitos casos. Por isso a importância de, além de investir na modernização e diversificação de drogas que combatam a doença, viabilizar o diagnóstico precoce.
O futuro do tratamento da Hepatite C no mundo caminha para uma forma muito simples, via medicamento oral, mas essa realidade ainda vai demorar mais alguns anos para chegar ao Brasil. Isso não significa ficar parado. Temos a obrigação de investir no diagnóstico e tratamento precoce da enfermidade, ao mesmo tempo em que se desburocratiza o registro para diversificação de medicamentos no país. Neste 28 de julho, data em que é comemorado o Dia Mundial do Combate às Hepatites Virais, instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS), temos a obrigação de debater o tema e nos conscientizarmos do potencial que temos para sermos, no combate à Hepatite C, o modelo que fomos para o mundo na luta contra a AIDS.
*Carlos Norberto Varaldo é economista, presidente do Grupo Otimismo de Apoio a Portadores de Hepatite C, autor do livro “Convivendo com a hepatite C, experiências e informações de um portador do vírus”, entre outros.
Carlos Varaldo
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En conmemoración del Día Mundial de la Hepatitis varios diarios, entre ellos el Correo Brasileño y el Estado de Minas publicaron en destaque de casi media página mi “Opinión” alertando sobre el grave problema de la hepatitis C en Brasil. Sigue el texto:
Hepatitis C: una bomba de reloj en la salud de los brasileños
Carlos Norberto Varaldo *
Descubierta en 1989, la Hepatitis C mata, hoy, en algunos países, más que el SIDA, según una investigación publicada en el periódico médico Annals of Internal Medicine, en 2012. De acuerdo con la Organización Mundial de la Salud (OMS), se estima que afecten a 170 millones de personas en el mundo. Según la OMS, en Brasil la enfermedad infecta cinco veces más brasileños que el virus VIH y la enfermedad puede alcanzar a 3 millones de personas en el país, siendo la mayoría aún desconocida.
Esto porque, en Brasil, todavía tenemos una baja tasa de diagnóstico en función del prejuicio reinante en nuestra sociedad en relación a la enfermedad que ha sido popularmente conocida por ser transmitida principalmente por el contagio a través de jeringas contaminadas. Una realidad distante, pero que hasta hoy estigmatiza a miles de personas, especialmente a la generación infectada entre las décadas del 70 y 80, época en que el control de materiales usados en los consultorios odontológicos, estudios de tatuaje y piercing, o incluso en manicuras, era muy precario si se compara con los estándares actuales.
Además, hasta el año 1992 no existían pruebas para verificar la existencia del virus HCV en sangre de donantes. Por este motivo, cualquier persona que recibió transfusión de hemoderivados antes de 1993 debe ser probada para evaluar si fue contaminada, así como quién quedó expuesto a una situación de riesgo en el período. Es necesario vencer la barrera del prejuicio e invertir en el alerta a la sociedad sobre la gravedad de esta epidemia.
La hepatitis C es una enfermedad silenciosa que puede tardar hasta 20 años para manifestarse. Si no se diagnostica precozmente, puede “aparecer” en etapa avanzada, evolucionando hacia una fibrosis, cirrosis o incluso cáncer en el hígado. En este año en que la enfermedad cumple 25 años desde su descubrimiento, la OMS lanzó la primera guía para el manejo de la Hepatitis C en el mundo. El documento tiene como objetivo contribuir a ayudar a todos los países a mejorar el tratamiento y los cuidados con la hepatitis y, de esta forma, reducir las muertes por cáncer de hígado y cirrosis.
Por lo tanto hay mucho que trabajar para erradicar esta epidemia, aún más si consideramos el potencial de pacientes no diagnosticados. Aunque actualmente los tratamientos disponibles elevan la Hepatitis C al estatus de una de las pocas enfermedades crónicas que pueden ser curadas, Brasil todavía no ofrece los tratamientos más modernos, resultado del exceso de burocracia en el registro de nuevos medicamentos.
Si la publicación de las directrices de la OMS coincide con la disponibilidad de medicamentos orales más eficaces y seguros, junto con la promesa de otros nuevos medicamentos en los próximos años, conforme el texto publicado por la propia organización cuando el lanzamiento de las directrices, en Brasil el excesivo rigor y la demora para la aprobación de estas terapias están directamente relacionadas con el costo de los nuevos medicamentos, considerados caros.
Pero al final, ¿cuánto vale la cura de la hepatitis C? El costo del tratamiento de la enfermedad no debe ser medido por el precio del medicamento, sino por el gasto elevado con el tratamiento de un paciente que se queda más tiempo en los hospitales y consultorios médicos para tratar comorbilidades derivadas de la enfermedad. En general, cuando se opta por soluciones medicamentosas priorizando el precio en detrimento de la eficiencia, el valor termina saliendo más alto para la sociedad. Esto es porque, a medio plazo, el gasto en pacientes que sufren con los efectos colaterales agresivos de muchas de esas drogas que ya podrían ser sustituidas sobrepasa el valor de la inversión de sustancias más modernas.
Es importante recordar que el tratamiento de la hepatitis C es finito, pudiendo alcanzar la cura en muchos casos. Por eso la importancia de, además de invertir en la modernización y diversificación de drogas que combatan la enfermedad, viabilizar el diagnóstico precoz.
El futuro del tratamiento de la Hepatitis C en el mundo camina hacia una forma muy simple, vía medicamento oral, pero esa realidad todavía va a tardar algunos años más para llegar a Brasil. Esto no significa quedarse parado. Tenemos la obligación de invertir en el diagnóstico y tratamiento precoz de la enfermedad, al mismo tiempo que se desburocratiza el registro para diversificación de medicamentos en el país. En este 28 de julio, fecha en que se conmemora el Día Mundial del Combate a las Hepatitis Virales, instituido por la Organización Mundial de la Salud (OMS), tenemos la obligación de debatir el tema y de concientizarnos del potencial que tenemos para ser, en el combate a la Hepatitis C, el modelo que fuimos para el mundo en la lucha contra el SIDA.
* Carlos Norberto Varaldo es economista, presidente del Grupo Optimismo de Apoyo a Portadores de Hepatitis C, autor del libro “Conviviendo con la hepatitis C, experiencias e informaciones de un portador del virus”, entre otros.
Carlos Varaldo
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